A história de Canudos sempre me impressionou. Quando menina, na escola, imaginava um louco Antonio Conselheiro, mas não conseguia muito dimensionar o terrível massacre. É fato que a história me marcou. Assisti e li tudo o que passou pela minha frente mas, com o passar dos anos, o meu interesse no assunto, assim como Canudos, submergiu.
Isso até encontrar com Mendel Hardeman, diretor de cinema holandês que cresceu no Brasil. Com o seu belo documentário longa metragem De Zee van Pelgrim Antonio (O Mar de Antonio Peregrino), Mendel fez com que o meu interesse sobre essa fascinante história voltasse à tona. Mas o que faz esse filme tão especial?
O povo local é a grande estrela do filme
Mendel Hardeman, entre indas e vindas ao Brasil, trabalhou durante sete anos no seu filme. A história é contada em português, num ritmo que nos leva à vida simples do sertão nordestino. Artistas e trabalhadores locais são as estrelas do filme e são essas pessoas que, sob o olhar e voz de Mendel, nos levam no barco de Antonio Peregrino.
O conceito do cinema itinerante
Na última vez que foi ao Brasil, Mendel levou o um cinema itinerante e, exibiu trechos do filme em vilarejos sem a mínima infraestrutura, onde faltavam água encanada e eletricidade. Ao cair da noite, essas pessoas se reuniam para assistir as suas vidas e labutas diárias transformadas em filme e projetadas num tela branca. Muitas delas nuncam haviam assistido um filme sequer.
Como participar e trazer o Cinema Itinerante para a sua casa
Reúna um grupo de pessoas interessadas, escolha um espaço com uma parede branca e entre em contato com Mendel Hardeman. O diretor sempre está presente durante as apresentações, conta detalhes do projeto e faz uma sessão de perguntas e respostas no final.Confira a agenda, programe-se para assistir o filme e depois conte pra gente o que achou do filme.