Ontem li no Expatica, a notícia de que a bruxa, ops, Ministra da Imigração Rita Verdonk vai voltar com força total com a lei de proibição do uso das burcas em lugares públicos. Isso significa que as mulheres que usarem a veste que cobre todo o corpo, só deixando os olhos de fora, podem estar cometendo um delito e sujeitas ao pagamento de multas. Após a guerra do Afeganistão, a indumentária ficou mundialmente conhecida e relacionada com a submissão e degradação da figura feminina. Aqui na Holanda, país conhecido pela tolerância e pelo multiculturalismo, o cerco vem se fechando para a imigração e o clima entre a comunidade mulçumana e os holandeses vem esquentando desde o assassinato de Theo Van Gogh, um polêmico cineasta morto por um mulçumano. Desde então, a hostilidade vem crescendo e a identidade do país, conhecido pela sua diversidade cultural, vem se perdendo entre as nuvens cada vez mais carregadas de intolerância.
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A Ministra (linha dura) Verdonk é a responsável pela lei que obriga a aprovação no teste de língua holandesa para a obtenção do visto de permanência. O endurecimento das leis de imigração já vem surtindo efeito. Neste ano, foram 22.500 pedidos de formação de família face aos 30.000 solicitados no ano passado. E agora, volta à pauta um assunto que, desde 2005, vem sendo discutido e que já foi aprovado no Parlamento: a proibição do uso da burca. Sob as bandeiras da integração, segurança e proteção à mulher, os membros do parlamento atacam de frente um dos ícones do islamismo. Na Bélgica, o traje já é proibido e a multa é de 150 euros para quem usar em público a tradicional vestimenta. Na França, o uso de símbolos religiosos na escola também foram banidos. Na Holanda, apenas cerca de 50 mulheres usam a burca e a proibiçao poderia estar legalmente embasada na manutenção de segurança e ordem pública.
Em Utrecht, no ano passado, foi votado na câmara municipal uma lei que reduz em 10% os benefícios de mulheres que usam burca. Isso se deu em função de duas mulheres alegarem que não compareciam às entrevistas de emprego, já que ninguém as empregaria pelo modo como se vestiam. Cada uma delas recebia 550 euros como seguro-desemprego. A Universidade Livre de Amsterdam baniu a burca e o nikab (véu que cobre a rosto). Assim como roupas da marca longsdale, associadas a movimentos violentos e facistas. Segundo eles, roupas que não demonstrem respeito aos direitos humanos não são toleradas no campus.
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Esse é um assunto que ainda vai dar muito o que falar. Apesar de aprovada, a lei ainda não foi implementada. Fica claro, o quanto ainda há de controvérsia no próprio governo.
Um grupo de especialistas está estudando as situações em que o uso da burca deve ser proibido. O mais importante no entanto é que todos os lados sejam ouvidos, a sociedade holandesa, a comunidade islâmica e em especial as mulheres. Vivemos num mundo feito de pessoas diferentes com hábitos, costumes e religiões das mais diversas e a Holanda sempre foi a representante maior desse pluralismo. A implementação dessa lei pode abrir as portas para um caminho minado pelo preconceito, intolerânca e discriminação racial e religiosa. Torço para que o bom senso e a liberdade de escolha prevaleçam.