Lembro ter visto em Amsterdam casais gays de mãos dadas, mas não lembro de ter visto casais hetero. Acredito que seja um sinal de que, mais e mais, eles se sentem livres em demonstrar os seus sentimentos e afirmar em público a sua sexualidade. Vi casais hetero se beijando, mas não dando as mãos ao caminharem juntos. Talvez beijo na boca seja menos íntimo que andar de mão dadas. Um outro ponto é que o fato de dar a mão a alguém na rua é uma declaração explícita de comprometimento. Sabe aquela cena em que numa festa uma sirigaita dá aquela olhada pro seu namorado? Qual a sua primeria reação? Pega logo a mão dele. Depois você talvez abrace logo a criatura e tasque-lhe um beijo “roto rooter”, anunciando: É meu! Mas a primeira reação é dar a mão.
Ok, se você está no Saara no Rio de Janeiro ou no centro de New York, é praticamente impossível andar de mão de dadas. Correto, mas também numa multidão, é a melhor maneira de não se perder. E se você precisa de mais argumentos pra manter o seu romântico hábito, eis aqui o melhor de todos: deu no New York Times que andar de mãos dadas faz bem à saúde. Reduz o estresse e protege contra a dor.
Lembro que quando ainda estávamos no Rio, Ron estranhou o fato de eu sempre pegar a mão dele ao caminhar. Bom, estranhou, mas gostou e mantém o hábito até hoje. Para mim, se estou na rua ao lado de quem eu gosto, é mais do que natural dar as mãos ao caminhar. Pode parece antiquado, piegas ou brega. Pode ser talvez inadequado para os padrões holandeses, mas vou avisando logo: não há inburgering (curso de integração) que me faça perder esse hábito e se puder, ainda dissemino e contamino os kaaskoppen (cabeças de queijo).
Imagem: autoria desconhecida.