Mudei para Holanda em 2006 e o Bailandesa.nl nasceu em maio do mesmo ano. Aqui falo sobre essa decisão que mudou meu endereço, minha nacionalidade (agora dupla) e minha vida.
A decisão de mudar para a Holanda
Para muitos, mudar para outro país significa fazer as malas, se encher de coragem e seguir o que manda o coração. Óbvio que isso também faz parte. São poucos os que se arriscam deixar para trás a sua vida estabelecida, o seu velho e conhecido mundo para viver algo totalmente novo. Deixar o seu país, família e amigos é uma difícil decisão, mas também é uma prova de determinação, persistência e organização. Mas um coração apaixonado pode bem dar um empurrão. Pelo menos, esse foi o meu caso.
É preciso analisar vários fatores
Para mim não foi tão difícil optar por tentar a vida na Holanda. O fato de já viver longe da minha família por vários anos pesou muito. Além de muitos amigos e pessoas especiais, de vínculo oficial no Brasil havia apenas o meu trabalho. E como dizia a minha bem-humorada ex-chefe: “Amiga, trabalho tá difícil, mas marido tá ainda pior de achar”. Resolvi seguir o seu sábio conselho e cá me encontro.
O idioma foi um fator decisivo
Obviamente a questão da língua pesou muito. O meu inglês era muito melhor do que o português dele, inexistente na época. No Brasil, viver só com o inglês por um tempo é quase impossível, o que não acontece na Holanda. Aqui, dá pra sobreviver por um tempo sem o holandês, mas recomendo aprender essa língua danada. Na época, a economia do Brasil não andava lá essas coisas e a violência e insegurança pesaram muito na decisão.
Se conhecendo
Preparação
Bom, agora é lei e é obrigatório ser aprovado num exame básico de integração civil para ter o visto. Esse exame “testa” o seu conhecimento sobre a lingua e da sociedade holandesa. Apenas mais uma barreira criada para a entrada de imigrantes. Mesmo sem a exigência. Antes de chegar aqui, comecei a estudar holandês no Brasil. Resultado: quando cheguei aqui e fui estudar holandês, pulei o primeiro nível.
Antes de tomar essa decisão, li tudo o que caiu na minhas mãos e nos meus olhos. Também fui à Holanda no inverno para pelo menos experimentar um pouco do frio. Queria conhecer a família, os amigos dele e ter a primeira impressão do ambiente, mesmo que fosse com olhos de turista. Sei que não é mesma coisa, mas é melhor do que chegar de sopetão, sem nunca nem ter visto o lugar.
Burocracia
Decisão tomada, aí começa a batalha da papelada e entender como funciona todo esse processo. O primeiro passo, claro que é visitar o site do consulado e pegar as primeiras informações
Qual é o processo?
Primeiro você tem que solicitar o MVV “machtiging voorlopig verblijf” , que é um visto de permanência com um período maior de 3 meses. Quais são as situações em que esse visto pode ser solicitado? Veja qual caso melhor se enquadra na sua situação e quais são os documentos necessários. Aqui me atenho à situação de “morar com um parceiro”. Sim, muitas pessoas me perguntam se é necessário casar. A resposta é não. Você pode requerer o visto para morar com o seu namorado(a). E como estamos falando de Holanda, casais gays também podem fazer a solicitação. Espero que outros países sigam o exemplo.
Importante
- Todos os seus documentos têm que ter menos de 6 meses de expedição.
- O estado civil deve ser solteiro ou divorciado. Separado legalmente não é válido.
- Todos os documentos devem ser legalizados no Itamaraty. No meu caso fiz a legalização no Rio de Janeiro, Av. Marechal Floriano, 196 – Centro. Os documentos depois de legalizados no Itamaraty devem ser traduzidos em Holandês, Inglês e outras línguas por tradutores juramentados no Consulado. Atenção: só depois do carimbo do Itamaraty, encaminhe os seus documentos para a tradução.
- Coloque a cidade onde você nasceu na Declaração de Solteiro. Tive que refazer todo esse documento, legalizar e retraduzir por causa desse detalhe.
- A pessoa de referência na Holanda deve ter um limite mínimo de renda comprovada. Muitas pessoas encontram aí o seu maior obstáculo para a aprovação do visto. Empreendedores e profissionais liberais autônomos por exemplo, às vezes não têm como comprovar a renda, apesar de possuí-la.
Fazendo as contas
Na minha opinião, também é importante fazer umas continhas e tentar prever o orçamento doméstico futuro. Já está provado que o esquema amor e uma cabana não dura muito tempo e que só amor não enche barriga, nem o seu dia. Por isso, também dei uma olhada nas empresas que fazem negócios entre os dois países, ONGs e tudo que pudesse representar uma atividade para mim – mesmo que não remunerada. Acredite, mesmo que seja pra não ganhar um salário, faz diferença ter uma atividade. Você vai ter que esperar mesmo até ter seu visto de trabalho, então tem que se manter ocupada(o). Programar uma poupancinha também não faz mal a ninguém.
Prepare o seu bolso
Existem diversas taxas a serem pagas. Consulte o consulado e o seu cartório.
- Taxa para a legalização no consulado da Holanda
- Taxa para o MVV
- Taxa para o teste de integração civil (350 euros)
- Compra de livros de holandês, aulas particulares e etc.. O pacote oficial de estudo custa 110 euros
- Tradução juramentada
- Cartórios.
- Custo da Mudança
Ouvi dizer que o processo é muito mais rápido caso a pessoa de referência na Holanda faça a solicitação. No meu caso, o (na)marido, de posse de cópia de todos os meus papéis, fez uma consulta prévia no IND (Ministério da Imigração) e deu entrada no processo. Em três semanas, recebemos o ok do IND dizendo que podíamos ir adiante. Um detalhe importante que acreditamos que tenha feito a diferença: fizemos um documento contando a nossa história,com fotos nossas no Brasil, na Holanda, com amigos, familiares. Eles dizem que não faz a menor diferença, mas acho que deu maior credibilidade. Resultado: em dezembro tínhamos a carta do IND e em março o meu MVV estava aprovado. Eu é que não estava preparada e não tinha uma data de entrada no país. Tinha que finalizar coisas como emprego, contrato de aluguel, mudança, comprar passagem e etc. Mas isso já é uma outra história.
Chegando na Holanda
Ao chegar na Holanda, você tem que se apresentar na Gemeente (prefeitura) em três dias e, a depender do seu país de origem, fazer um raio X do pulmão. É isso aí. Este selo que você luta tanto pra ter, tem validade de três dias. Lá eles te darão um um outro selo com validade de até 6 meses, que não dá direito a trabalhar, ter conta em banco, a nada. Você tem apenas o direito de ficar na Holanda. É por isso que é tão importante você pensar em atividades que goste de fazer, até o seu visto de trabalho chegar. Eu, ao chegar, não esperei pelo governo. Paguei o primeiro curso da língua e comecei a escrever o blog. Também trabalhei numa empresa de graça por um mês. Ou seja, só não dá pra parar.
Verblijfsvergunning – O visto definitivo
Esse nome feio é o do seu visto definitivo. O que te dá direito a trabalhar. No meu caso demorou 4 meses, mas o governo tem até 6 meses pra enviar para você e deve ser renovado em um ano. Após cinco ano de renovação, você pode pedir a sua naturalização, caso queira.
Mais informações sobre a minha naturalização, você pode ler links abaixo:
Naturalização na Holanda parte I
Naturalização na Holanda parte II
O ano em que virei holandesa
Links úteis
IND: http://english.ind.nl/
Naar Nederland: http://www.naarnederland.nl/en/
Consulado do Rio de Janeiro