Enquanto isso, no outro lado dessa lagoa chamada Oceano Atlântico, começa o Carnaval. E enquanto vejo os primeiros videos de Salvador, os tambores deste coração bailandês batem descompassados. Falando em carnaval e holandês, li na Revistinha da Vara – viram como já consigo me virar nesta língua alienígena? – uma boa e articulada matéria sobre o carnaval brasileiro. O texto fala sobre a influência do Jogo do Bicho, do tráfico de drogas, da poderosa Globo sobre o carnaval carioca e como o Rio vem perdendo turistas para o carnaval de Salvador. Não sou adepta de rixas e amo o Rio, mas concordo que o espetáculo das Escolas de Sambas – lindíssimo por sinal – tornou-se um fantoche da Globo. Assim como as novelas e séries, a Globo dirige o Carnaval carioca, tornando as escolas cadas vez mais parecidas umas com as outras e mais distantes das suas origens: o povo. Existe uma reação popular e mais e mais vemos blocos nas ruas. Torço pra uma virada geral e quem sabe, algum dia poderemos ver as escolas de samba na Presidente Vargas de novo?
Já Salvador não perdeu autenticidade e continua sendo a maior festa do mundo, mas virou um imenso negócio. Entre abadás, camarotes e celebridades nacionais e internacionais, os preços vão à estratofera. É preciso acompanhar com cuidado para que não esse bloco não siga o mesmo pelo mesmo caminho do carnaval carioca e se afaste da razão da festa: a alegria do povo.
Imagem: globo.com